terça-feira, 29 de março de 2016

Bestiais.

Não há exagero quando se diz que o mundo está doente, não é piada comparar os eventos de hoje em dia com o apocalipse escrito  em outrora, não me parece loucura afirmar que estamos a um passo de irmos, verdadeiramente, para o inferno, não me parece errado sentirmos vergonha de nós mesmos.
Não nos parecemos civilizados a muito tempo, aliás, nunca fomos civilizados, assim como nunca usamos da racionalidade para desenvolvermos coisa alguma, acredito sim que somos do tipo bestiais, espectros torpes feitos de sangue, carne, osso e nada mais, frágeis criaturas cujo o propósito é aniquilar a própria espécie e também todas as outras, é devastar o próprio quintal, é queimar o que de bom fora deixado pela espécie anterior.
Não me julgue por te colocar na condição de ''demônio na Terra'', eu também sou igual a você, sempre que é preciso, eu não me acanho, eu vou lá e mando fogo no quintal, claro que não faço isso com o rosto tomado de prazer, mas é óbvio que também não choro por isso, portanto, volto à dizer, não me julgue por nos classificar como doenças fatais.
Um míssil não cai sobre um hospital sem antes um bestial apertar o botão de lançamento (certo mesmo seria não haver míssil), uma bomba não estoura do nada, um gatilho nunca se aperta sozinho, bocas não declaram guerras em coletivas de imprensa sem antes cérebros nefastos as ordena-las, ato hostil algum ocorre sem o advento de rogar pela dor alheia...ninguém nesse mundo mata com a intensão de  mandar sua vítima para os braços de Deus....na certa elas pensam ''seu destino é mais embaixo''.

terça-feira, 22 de março de 2016

Saudade.

Gostaria de saber quem foi o filósofo, o pensador, o intelectual, enfim, o sujeitinho, o infeliz, o hipócrita pra ser bem direto, que, sei lá por qual motivo, cunhou a seguinte frase: ''- É bom demais sentir saudade.'', é bom demais sentir saudade? Ah, vai arrumar o que fazer, pombas!Desde quando sentir saudade é bom? Bom mesmo é estar ao lado daqueles que você tanto ama, é estar novamente nos lugares que você, com grande prazer, frequentou em outrora, é sentir a todo instante os mesmos perfumes que te faziam relaxar, é ouvir aquelas canções que, hoje em dia, ninguém mais consegue compor. Bom mesmo é poder abraçar seus pais enquanto deflagra um vigoroso e sonoro BOM DIA, é ouvir de sua doce mãe os tão valiosos conselhos enquanto, calmamente, a manteiga é posta na deliciosa fatia do quentíssimo pão francês, bom mesmo é ouvir os projetos de seu pai para aquele dia, é vê-lo com os olhos tomados pelo ar da disposião e a xícara de café preto na sua mão direita, enfim, bom mesmo é não ser acoçado pelas desgraças do dia a dia, pelas perdas repentinas, pela maldita estrada vazia...a saudade só exise porque você PERDEU, perdeu algo extremamente raro e insubstituível, algo único, inédito e sem nenhuma chance de duplicata. De acordo com o que penso, saudade é o tipo do sentimento que machuca bem mais do que o pior dos ferimentos ou traumas, a saudade é quase que letal, se bem que, para muitos, ela é sim letal. Têm dias que a saudade aperta tanto a minha garganta que mal consigo respirar, é como se um grande torniquete de metal a apertasse quase que ao ponto de estraçalhar cada artéria, veia e a própria traquéia alí embrenhada. Geralmente nesses dias a mesma saudade também age sobre o meu peito e coração, sinto o meu peito quente como uma fornalha, chego a compará-lo a uma forja de anão, sinto o coração batendo a mil por hora, uma prensa industrial por assim dizer, parece consumido pelo ódio e cada batida é como um grito de dor...saudade...cada batida é como um tiro de 762...saudade...cada batida é um pedido...saudade...um apêlo...saudade...cada batida só Deus sabe o que é.
...esse humilde texto é dedicado às pessoas que, assim como eu, tiveram perdas importantes em suas vidas.

quinta-feira, 17 de março de 2016

Enquanto isso lá em Brasília...

Não sou muito de falar sobre política, acho que já vivemos submetidos a tanta burocracia e jogo de empurra que, a melhor coisa mesmo à  ser feita é buscar ocupar a mente com coisas mais agradáveis e interessantes, política pra mim só mesmo nas tramas de HollyWood e ainda assim olhe lá! Porém, a situação lá em Brasília ultimamente anda tão filha da puta de circense que, pela segunda vez em menos de dois meses, cá estou eu novamente falando dessa porra (me perdoe os palavrões, mas se até o nosso ex-presidente, figura nobre e notória, vive aqui e acolá xingando à Deus e o mundo, por que eu, um simples brasileiro economicamente fudido, me privaria do uso de tais palavras? Ah, vai a merda, porra!), só que dessa vez, vou simplesmente expor uma pequena parte do que faria com essa podre turma do planalto, se acaso fosse eu uma espécia de Senhor Supremo da Porra Toda...vamos lá.
Aqueles que trazem com orgulho estrelas penduradas ao peito teriam seus dedos arrancados, seria uma ótima forma de prestar homenagem ao seu líder biriteiro...ôpa!...operário.
Talvez fizesse a mesma coisa com aquela turminha da elite, trocando apenas os dedos pelos lonfos e carnudos narizes, imagina só um bando de tucano indo de um lado para o outro sem bico? No mínimo hilário.
Em relação à aqueles de partido literalmente partido, sim, aqueles montes de bactérias engravatas, eleitos só Deus sabe por que razão, esses eu deixaria a vontade, ao meu ver suas ações, por mais sacanas e corruptas que fossem, pouco impacto trariam ao sistema comum, como disse, são apenas bactérias engravatadas, claro que, uma vez ou outra, mandaria uma porra dessa para algum país cujo ditador local é do tipo que se diverte explodindo político safado...bom...preciso ir, espero que na próxima postagem o  meu espírito criativo esteja mais de acordo com o que realmente ando pensando...até logo!

domingo, 13 de março de 2016

Poesia sobre a morte (parte 2)

Chega de falar da morte,
vamos agora falar da vida.
A tal dádiva divina ofertada à nós certo dia,
mas que até hoje nos intriga.
Têm vida tão suja como traição, mentira ou ataque nuclear,
têm vida tão limpa quanto promessa cumprida e respeito ente desiguais.
Têm vida tão lonfa como rota entre continentes,
têm vida tão curta quanto a dúvida de um assassino.
Têm vida tão linda quanto os olhos da mulher amada,
têm vida tão pura quanto o sorriso de uma criança tão amada quanto.
Têm vida tão calma como um entardecer de outono no campo,
têm vida agitada como as terríveis tempestades de verão.
Se quer saber de uma coisa...
...têm vida que nem merece ser vivida,
e outras que valem muito a pena ser vivida,
contudo, por mais que a gente viva a vida,
no fim é a morte quem fecha as cortinas.

Poesia sobre a morte (parte 1)

Infelizmente a morte é mais forte que a ressurreição,
e ao primeiro sinal de tal elevação, e a morte logo vêm,
lacrando novamente as bordas do caixão.
Infelizmente a morte tira a razão daqueles que
pensam que morrer é bom,
e aprisiona num frio calabouço de pedras negras
aqueles que passam suas vidas em pró de temer a morte.
Infelizmente há morte pelos quatro cantos da Terra,
infelizmente o que não falta sobre a terra são cânticos vinculados a morte
e sob a mesma, pessoas levadas por ela.
O que não falta são mortes uniformes,
mortes ao norte, mortes aos montes.
Monte Castelo de cartas marcadas, polegadas, digitais e analógicas,
infelizmente o que não falta são mortes sem lógicas.

Poesia sobre a morte.


segunda-feira, 7 de março de 2016

A ligação.

Pouquíssimas são as vezes em que o meu telefone toca. O fixo então parece estar sem vida a mais de cinco anos, na verdade este é como um pobre doente em estado terminal, um reles morimbundo prostrado num frio leito de um c.t.i. qualquer, inerte, inserido num triste coma profundo, respirando com o auxílio dos aparelhos, contudo, o fixo, embora silenciado, ainda está vivo e muito bem vivo, por sinal.  Por ele correm as incontáveis células elétricas ou eletrônicas (nunca sei ao certo), traduzidas pelos mais notáveis engenheiros do dia a dia como bytes. Se não fosse pela internet correndo em seus cabos, eu mesmo já teria dado um destino à este caríssimo telefone residencial.
Que início de texto mais esquisito!
É verdade, concordo plenamente com você, mas acontece que o meu telefone celular tocou não faz nem quarenta minutos e antes que você me pergunte, já te falo, sim, era ela, mesmo sem querer ou saber, me arrancando do banho as oito e meia da noite.
Trim! Trim! Trim!
Por debaixo das revigorantes águas mornas, expelidas aos montes pelo chuveiro elétrico, ouvi esta campainha rugindo feito uma desejosa gata no cio, lá na mesinha de centreo, mesinha essa alojada entre dois velhos sofás de couro marrom.
- Puta merda! Quem estaria me ligando a essa hora?
Me perfuntei, mas ainda são menos de nove da noite, e isso sim são horas de ligar para os outros! É verdade, tenho que reconhecer que, nesse instante, muitos já estão em seus lares depois de um longo dia de labuta.
- Então vai lá atender...
...sozinho em casa, pouco me importei com a nudez que me encontrava naquele momento. Deixei o chuveiro ligado no máximo e corri feito um bandido em fuga rumo a sala de estar. O telefone estava lá, TRIM! TRIM! TRIM! Se esgoelando. Tenho certeza que se o infeliz pudesse falar o meu idioma, certamente diria algo do tipo ''Corre aqui, porra! Deixa de ser murrinha! Daqui a pouco a pessoa vai desistir!'', mas eu já estava correndo e por causa disso, no instante em que coloquei os pés molhados no liso piso negro da cozinha, quase me estatelei no chão. De forma patética, derrapei feito um carro de corrida entrando a mil numa curva fechada. Se eu caísse ali, certamente seria uma tragédia, a geladeira seria meu primeiro alvo, a derrubaria na hora e por vingança, a miserável despencaria sobre mim, na certa quebrando todos os ossos de meu corpo, mas, por sorte ou piedade divina, segurei na curva e passei ileso por aquela medonha situação...cheguei a sala de estar e lá estava o escandaloso aparelho celular, com o seu display iluminado, vibrando como nunca, implorando por minha chegada.
- Alô! - Disse eu ofegante, a água do banho agora se misturava ao suor da corrida, sem dar atenção, molhei a droga do telefone.
- Oi, tudo bom? - Disse uma voz que a tempos eu já não ouvia mais, quase não a reconheci...por isso, meio que sem jeito, perguntei:
- Estou bem, mas - limpei a garganta - com quem eu falo?
- Puxa vida! Já nem sabe quem sou, né? - Disse a voz com um sorriso amistoso.
- Ana? - Usando das minhas doces lembranças, fui bem direto.
- Ah, lembrou! Sim, sou eu, a Ana.
- Nunca me esqueci de você e se quer saber de uma coisa, parece que foi ontem a última vez que nos falamos.
- Verdade, mas lá se vão mais de cinco anos, né?
Sua voz continuava linda, embora o seu sultaque agora me soasse meio estranho (pura falta de costume apenas), e cada palavra dita por ela, eu apreciei como se deve apreciar algo de muito valor artístico.
- Seis anos e seis meses para ser mais exato. - Disse eu, mostrando à ela o quanto nossa história foi importante para mim.
Trocamos quase meia-hora de conversa e foi como se o tempo estivesse sido congelado, por várias vezes transitamos por caminhos diferentes, eu nunca deixei de querer aquela deliciosa Gata Branca e sutilmente me deixei entender tal condição, ela, por sua vez, já pertencia a um outro alguém, inclusive um pequeno filho homem  com esse alguém ela já tinha e já tinha a quase dois anos, então, agora eu, um sujeito calejado, respeitei essa torpe condição.
Engraçado que, acima de tudo, éramos bons amigos e por causa desse nobre laço social, dessa forma nos tratamos por vários momentos durante a ligação. Confesso que não foi de todo o mal assim, foi até bem agradável em certas partes, é evidente que  muita coisa mudou entre nós e por um segundo cheguei até a pensar que manter o clima amistoso em alta seria mesmo a melhor coisa a ser feita...ela deve ter pensado a mesma coisa...e, de fato, foi o que fizemos, então, meia-hora depois de um blá blá blá aprazível, ela disse:
- Então tá, rapaz, estou indo nessa!
Meio que a contragosto, porém firme no uso das palavras, respondi:
- Tudo bem, meu anjo, também preciso ir. - E brinquei dizendo: - Estou nú em pelos pra te falar a verdade.
Ela, linda que só, disparou uma lonfa gargalhada.
- Como assim?
- É que eu estava no banho quando o telefone tocou.
- Vixe, me desculpa! Não queria mesmo atrapalhar você!
- Você nunca atrapalha, Gata Branca, já disse... - E respirei fundo, ela sentiu e senti que ela também respirou.
- Gata Branca, anos que não ouço isso.
- Anos que não falo isso.
- Você também não atrapalha. - E disse assim como que querendo dizer outra coisa.
- O que houve? - perguntei com um fio de esperança atravessado em meu pescoço.
Um pequeno silêncio se abateu naquele instante, quebrado logo depois por um lento e solene suspiro e também pelas seguintes as palavras:
- Não, não foi nada, amor.
- Certo, Ana, então tá, quando quiser é só me ligar. - Voltei para o mundo real, o mundo do viver sozinho.
- Tá bom, ligo sim. - Ela também voltou, mas no seu mundo havia mais dois ao seu lado.
Antes do fim, perguntei:
- Ana, só um minutinho, por que você me ligou?
Subtamente a ligação caiu, na certa ela desligou.
É....pelo que a conheço, ela deve ter desligado mesmo...tudo bem, quem sabe ela volte a ligar algum dia...bom...
...nunca vesti uma roupa com tamanha felicidade e tristeza ao mesmo tempo.

Poesia sobre o tempo (vídeo)