terça-feira, 12 de abril de 2016

O prédio mágico.

Era uma vez um prédio vermelho, não tão alto como um arranha-céu, mas alto o bastante para ser visto e contemplado a grandes distâncias. O vermelho que o revestia do primeiro ao último andar, quando exposto a luz do sol, brilhava como fogo selvagem e muitos até diziam que aquilo sim que era cor.
Seu formato era do tipo ''caixa de sapato'', um prédio incrivelmente robusto, largo e extenso, passava ele a impressão de ser tão seguro quanto um abrigo antiaéreo, um verdadeiro cofre, um forte apache ou castelo de pedras por assim dizer, e eu acreditava nisso, tanto acreditava que, quando nas suas dependências, me desligava por completo das desgraças lá fora. Foram quatro anos no interior daquele prédio, quatro anos construindo  boa parte do sujeito que sou agora.
No seu entorno havia um enorme descampado, pedaços deste era coberto por cimento, concreto e asfalto, em contrapartida, não eram poucos os pedaços de terra batida, nestes pequenas plantas, matos e até árvores de grande porte tinham o seu lugar. Nunca me preocupei em levantar tão irrisória questão, mas tenho certeza que, naquele descampado, cabia pra lá de duzentos automóveis, todos estacionados debaixo das sombras das árvores e também da sombra do próprio prédio. Um muro com cerca de três metros de altura cercava todo esse espaço, deixando apenas uma brecha de uns cinco metros de largura protegida ali por um portão azul feito do mais puro aço.
A leste, conectado a fortaleza vermelha, havia um pequeno prédio de cor branca, este nada mais era que um ''anexo'' e poucos faziam questão de por os seus pés nas suas epoeiradas salas e escuros corredores. Embora o seu formato fosse também como o de uma caixa de sapato, trazia este um aspecto frágil, seus três andares não significavam quase nada, eu mesmo batizei aquela patética caixa de fósforos como ''A ALA DOS LOUCOS'' e, definitivamente, torcia o nariz toda vez só de pensar em ir até lá. Uma pequena escadaria levava ao canto mais remoto daqueel anexo e no dia em que me vi naquele ambiente, pensei: - Puta merda, como alguém consegue estudar aqui?''.
Tanto o sol quanto a chuva castigavam a surrada quadra de esportes construída ao norte do bendito prédio vermelho, eu particularmente gostava muito de ''fritar'' naquela quadra, ali rolava um basquete ''das galáxias'' e  enquanto a maioria optava por cuidar dos seus próprios negócios, eu e mais meia-dúzia de lunáticos ficávamos alí, quicando e arremessando aquela desbotada bola da adidas. Vez ou outra surgia um grotesco palavrão, palavrão este logo repreendido por nós mesmos, ora, ainda que fossemos do tipo ''Filhos da Anarquia'', respeitávamos o que aquela instituição de ensino nos empunha.
...CONTINUA...

Um comentário: